terça-feira, 17 de maio de 2011

TRABALHO PARA OS ALUNOS DE ICF - 2011.1

Conforme informado na postagem anterior, segue o material:


III. O Poder[1]
1.      Observações gerais
2.       
            Só há três poderes neste mundo: produzir, destruir, conduzir. O primeiro é o poder econômico, o segundo o poder militar, o terceiro o poder espiritual. Roma consagrou-os, respectivamente, a Quirinus, Marte e Júpiter. Os três deuses defendem o homem contra as três ameaças fundamentais: a fome, a violência, o erro. O bem da sociedade depende inteiramente de que haja equilíbrio no culto que se consagra a essas divindades. O triângulo do poder tem de ser equilátero.
            Cada um desses poderes tem um objeto sobre o qual se exerce e um sujeito que o exerce.
            O objeto do poder econômico são os bens de natureza material. O do poder militar, o corpo humano e suas ações. O do poder espiritual, as idéias, crenças e sentimentos.
            Seus sujeitos são respectivamente: a dieta ou assembléia dos produtores; o império, ou assembléia dos fortes; a igreja, ou assembléia dos sábios.
            Como todo poder se afirma ora pelo que faz, ora pelo que deixa de fazer, cada um deles comporta uma modalidade ativa e uma modalidade passiva, ou vertical e horizontal, com seus respectivos representantes.
             A dieta compõe-se de capitalistas e trabalhadores. Os primeiros são o lado ativo e vertical, porque têm por objetivo permanente o acréscimo e a concentração do poder econômico, que os segundos buscam dividir e distribuir.
            O império compõe-se de milícia e justiça, ou nobreza de espada e nobreza de toga. A primeira é ativa e vertical, pois busca aumentar e concentrar o poder de destruição, que a segunda procura moderar e distribuir.
            A igreja compõe-se de cultura e tradição. A primeira é ativa e vertical, porque busca criar novas crenças e submeter toda a sociedade às opiniões dos indivíduos criadores. A tradição é passiva e horizontal, porque busca estabilizar as crenças num sistema fixo nivelado pelos valores consagrados.
            Essa divisão é natural e espontaneamente continua a vigorar por baixo de todas as concepções formalísticas e puramente inventadas do Estado Moderno. Ela é um fato e não uma doutrina.
            A divisão tripartite do Estado não corresponde a uma diferenciação real de poderes. O legislativo é um amálgama de representantes dos vários poderes: não tem nenhum poder próprio e torna-se objeto de disputa entre os outros. Estes, por sua vez, rebaixam-se ao estatuto de partidos: há um partido dos trabalhadores, outro dos capitalistas, outro dos militares, outro dos intelectuais — nivelados como se fossem espécies do mesmo gênero.
          
2. Teses sobre o Poder[2]
1.   Poder, no sentido mais universal, é possibilidade de ação.
2.   No sentido estrito que tem em política, é a possibilidade de determinar as ações alheias.
3.   No sentido universal, o homem só tem três poderes: gerar, destruir, escolher. O primeiro é poder da riqueza, o segundo o poder da violência, o terceiro o poder do espírito.
4.   O poder da riqueza tem como objeto os bens materiais, usando os corpos humanos e o espírito como meios e amoldando-se a eles como condições.
5.   O poder da violência tem como objeto o corpo humano, usando a matéria e o espírito como meios e amoldando-se a eles como condições.
6.   O poder do espírito exerce-se sobre o próprio espírito, usando os bens materiais e o corpo humano como meios e adaptando-se a eles como condições.
7.   Cada poder exerce-se numa dupla direção: ativa e passiva. A direção ativa tende à unidade, à concentração, à velocidade crescente. A direção passiva tende à multiplicidade, à dispersão, à velocidade decrescente.
8.   O poder ativo da riqueza reside nos donos do capital. Tende a concentrar a riqueza nas mãos de poucos, ao monopolismo, a buscar os meios de crescer cada vez mais rapidamente.
9.   O poder passivo da riqueza reside nos trabalhadores. Tende a dividir a riqueza, ao socialismo, ao crescimento zero.
10. O poder ativo da violência reside na milícia. Tende a concentrar-se, à hierarquia vertical, à disciplina rígida, a instaurar a obediência automática que produz a máxima eficiência e rapidez.
11. A milícia é o fundamento do poder estatal, que se reduz, em última instância, à legitimidade do uso da violência.
12. O poder passivo da violência reside na justiça. Tende a dispersar-se, a nivelar o poder, a tudo resolver por livre acordo, a desacelerar a ação.
13. O poder ativo das idéias reside nos criadores de bens culturais. Tende a concentrar o poder, a submeter as ações de muitos às idéias de uns poucos, a acelerar a mudança, a romper os hábitos estabelecidos.
14. O poder passivo das idéias reside nos homens de religião. Tende a dispersar o poder, a nivelar o comportamento humano pela média dos valores tradicionais, a anular as diferenças entre homens notáveis e homens comuns, a estabilizar a ação social na rotina sacralizada.
15. Essa divisão compreende todas as castas: a casta sacerdotal divide-se em intelectualidade e clero; a casta nobre divide-se em nobreza de espada e nobreza de toga; a casta dos produtores divide-se em proprietários e trabalhadores.
16. As castas são funcionais e não têm necessariamente ocupantes fixos: os componentes da nobreza, destronados, podem compor uma casta capitalista ou uma intelectualidade. O trabalhador, em ascensão, pode ingressar na intelectualidade ou na nobreza. Massas inteiras podem ser deslocadas de uma função a outra. As funções permanecem fixas, os ocupantes ou permanecem ou mudam.


[1] CARVALHO, Olavo de. Ser e Poder: Questões Fundamentais da Filosofia Política.
www.olavodecarvalho.org

TRABALHO PARA OS ALUNOS

Caríssimos discentes da Faculdade Campo Real:

contando com a compreensão e colaboração de todos, tendo em vista a já comentada viagem, informo que os alunos de ICF, FdD e DI deverão realizar a seguinte atividade: resenha (resumo crítico - apontamento dos principais conceitos apresentados no material + comentários próprios)
Para ICF - trabalho individual (material disponível no xerox e neste blog - próxima postagem)
Em FdD - trabalho com até 4 alunos (material no xerox ou através do link http://www.prt22.mpt.gov.br/artigos/trabmarc1.pdf)
No DI - trabalho com até 6 alunos (material disponível no xerox ou por meio do link http://www.scielo.br/pdf/ccrh/v23n59/10.pdf)
Os materiais foram escolhidos com muito cuidado, trazendo informações verticalizadas sobre os assuntos tratados em sala.
Grato pela atenção.

terça-feira, 3 de maio de 2011

icf- B 03.05.11

Neste encontro discutimos "A teleologia axiológica da ação humana: uma realidade cultural".
Lembramos as definições dos termos supra, da axiologia, e os tipos ideais de ação humana.
após, vimos que ação racional significa consciência dos motivos da ação, que remetem, fundamentalmente (com método maiêutico), ao valor, consolidando o conceito inicial.
Depois, percebemos que, apesar da preferibilidade individual, o Direito elege alguns valores considerados indisponíveis à ação humana (paz, ordem, justiça e dignidade da ação humana).
no próximo encontro, veremos os pressupostos necessários à ação humana.

volta às aulas: FdD 03.03.11

Iniciando o segundo bimestre, discutimos nesse encontro sobre o "quid ius", o que é o Direito, o conceito do direito.
Após tratarmos sobre o significado de conceito, definição e termo, vimos os paradigmas que ilustram os possíveis conceitos de Direito:
ceticismo
naturalismo (teológico e racional)
culturalismo (positivismo e realismo)
Ao final, cada grupo realizou um texto com o seu conceito próprio de Direito para que possa ser discutido no próximo encontro.